quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Coisas que me tocam


Na minha família há um sentimento intenso pelas madeiras. O castanho é o rei e o pinho... bem desse nem vale a pena falar - não vale nada! O meu pai e o meu irmão passavam horas a discutir o tema das madeiras, a qualidade, a beleza, os veios,  tudo e mais alguma coisa que permitisse apurar quem dos dois tinha mais conhecimentos sobre o tema. Foi dessas conversas que eu percebi ser a raiz de nogueira preciosa para fazer móveis (muito lindos, segundo o meu irmão) e que a nogueira preta ainda era mais preciosa que a branca. Sabiam os preços do metro cúbico de cada espécie e conseguiam detectar, só pelo aspecto, o tipo de árvore que lhe tinha dado origem. Lá em casa só existem móveis de madeira maciça que foram um pesadelo para chegarem ao local onde ficaram para todo o sempre por impossibilidade de serem deslocados. Existem imensas anedotas da família ligadas a escolha de móveis e a compras de mobílias.
Tinham um desprezo enorme por tudo o que eram móveis tipo IKEA que eles sempre apelidaram de "lenha"! Memórias boas que quero preservar. 
Ainda hoje, perante um tronco que não identifico, sinto uma espécie  de traição à memória do meu pai.
As compras de móveis suecos têm sempre um sabor dúbio embora considere que fazem casas bonitas e funcionais.
Este tronco cortado com um machado ao lado fez-me, mais uma vez, regressar à infância e ao colo afectivo do meu pai!
"Não há machado que corte a raiz ao pensamento..."

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