quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Procura


Ontem, conduzi quase trezentos kms para cima debaixo de uma grande chuvada e voltei no final da tarde por mais trezentos kms com chuva a que se juntou a negregura da noite. Tudo isto, para ouvir um " minha filha!" dito pela mãe que já nem sabe muito bem quem eu sou, ou fui.
Se valeu a pena? Claro que valeu. Cada km percorrido tomou sentido!
Um bom ano de 2016! Que a palavra "bom" seja tudo aquilo que vocês desejarem!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Coisas cómicas numa manhã de chuva


Deixei o carro longe porque me apetecia andar a pé. Entrei no registo civil pela terceira vez porque o meu cartão de cidadão estava retido nos serviços centrais (ninguém sabia porquê!) e tive de pagar mais 15 euros para o poder resgatar porque, até ao final do ano, necessito dele para conseguir um registo criminal que confirme que estou apta a conviver com menores!!!
Uma fila imensa no corredor. Lá dentro, 4  ou 5 pessoas que só chamam a atenção porque vêm acompanhadas por uma criança dos seus 5 anos com uma saia  de tule branco até aos pés e um bouquet de flores brancas! Um individuo  de gravata laranja entra a correr com uma senhora de idade:
-Desculpem mas tive imenso trabalho em convencer a minha mãe a vir. Ela não queria vir mas eu queria estar presente! Ai, a menina que está tão bonita!
- Por acaso não acho. Já foi mais gira quando não tinha estes dentes grandes à frente! Retorquiu umas das senhoras presentes que devia ser a mãe da criança, pela idade que aparentava!
-E tão caladinha!
.Mais calada que o meu neto de 11 meses que está sempre a mexer-se. Não deixa colocar a fralda é um castigo. Eu até já disse à minha nora que o miudo deve ser hiperactivo! Acrescentou outra senhora de mais idade mas ainda conservada que se veio a descobrir ser mãe da mais nova e avó da criança vestida de festa. 
E o rapaz que chegou atrasado e de gravata laranja continua com a sua simpatia a tentar salvar o momento:
-Então como vai? Está com bom aspeto, boa cara! Virado para uma outra senhora pequenina muito rechonchuda de chapéu castanho na cabeça, não se percebendo se era para a festa ou só porque ficava com as orelhas mais aconchegadas.
-Estou bem . Só que gostava de estar mais magra, mas enfim!
-Pois! Deixe lá, é o mal de muita gente!
Chega a funcionária do registo civil:
-Quem são os noivos???
Uups! É um casamento! De carteira ao ombro e sapatilhas nos pés?
E lá começou o interrogatório a que eles iam respondendo em frente do amontoado à espera do cartão de cidadão!
Uma senhora lá de trás ainda opinou:
-Devia ser numa sala à parte. Mais que não fosse na sala de audiências!!
A "noiva" no final do interrogatório ainda perguntou incrédula:
-Já está?
Ninguém lhe respondeu!
Nova folha e novo interrogatório.
Desta vez, chegam-se ao balcão a senhora de idade que tem o neto hiperactivo e um senhor de bigode farfalhudo de cabelo  branco e comprido e começam a responder.
E os outros muito atónitos a perguntar com os olhos. E a senhora:
-Pois é! Também somos nós. Já não era sem tempo, mas era surpresa.
Lá foram declarando que, sim senhora, não tinham filhos em comum mas um tinha três e  o outro tinha dois e blá, blá blá. 
Dali percebi que iam fazer uam festa. E que a Cris (uma irmã, talvez) tinha declarado que não lhe apetecia estar no Registo mas somente ia ao almoço!
Um dos velhos ainda declarou:
-Talvez se atrase também para o almoço e serão quatro pessoas que se poupam. Ela deve trazer o marido!
Deu para me distrair, mas fiquei um pouco deprimida!
Vidas!
Ah! Depois de ir três vezes e ter pago mais 15 euros consegui o cartão!  E o registo criminal! Já posso dormir descansada. Não sou um perigo para os jovens com quem convivo.

Estamos mais velhos

Natal 2013

Natal 2015

Mas com estilo! A primeira foto retrata o Natal de 2013. Dois anos se passaram. Dois anos em que aconteceu tanta coisa! Coisas boas e coisas más numa imitação perfeita da vida! Dois anos em que fomos envelhecendo e combatendo (eu) o envelhecimento.
Dois anos em que tanto mudou nas nossas vidas! 
E aqui continuamos nós. De pedra e cal.
Mais velhos mas cravados uns nos outros  com  todo o amor do mundo.

Mais um Natal


Mais um mês  de Dezembro a chegar ao fim. Este ano foi diferente! Inaugurámos os Natais numa nova casa, bonita e cheia de amor. A vida avança quase  sem se dar por isso. De repente, vi-me no papel de mãe e já não no de organizadora a 100% como em  outros Natais lá mais para trás. Foi bom! Senti-me muito bem neste novo tempo!
Apesar de tudo o que aconteceu na semana anterior, quando nos sentámos à mesa conseguimos desfrutar, sentir a  amizade e estar bem. Uma família novinha em folha para conviver.
Este tempo de Natal tem a magia de nos trazer  agradecimento  pelo que a vida nos dá.  É tempo de renascimento, de começar de novo! 
Como eu gosto destes recomeços!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

O que me ensinou a vida?

 Ilha da Berlenga. Subir arduamente até chegar ao cume. Assim é a vida!

A apreciar todos os momentos. A dar graças por aquilo que tenho e sinto. Não é o ideal, o melhor, não interessa. Vamos lá olhar para o lado e sentirmo-nos abençoados apesar de tudo.  Tenho um tecto por cima de mim, tenho família que gosta de mim, dinheiro suficiente para fazer uma ceia de Natal e SAÚDE. Pelo menos penso que tenho porque, a qualquer momento, posso deixar de ter. O drama é que não pensamos nisso como uma hipótese a ter em conta e, quando a doença nos bate à porta, sentimo-nos sempre injustiçados. Mas, como diz cara-metade, é dificil colocar justiça neste campo!
Não tenho a minha família grande comigo e tenho pena. Não revivo, mais uma vez, os Natais de outros anos. No entanto, este Natal vai ser melhor do que o do ano passado e isso é o que importa. Vou estar numa casa linda que acolhe um amor ainda mais bonito e tudo isto é gratificante.
Vamos então às couves e ao bacalhau!

Feliz Natal onde quer que estejam!

Deixo uma foto da nossa ida às Berlengas. Andámos anos para chegar lá! Um dia, fomos à descoberta. Foi muito bom! Deixar que a vida nos surpreenda. É disso que se trata. Quando isso acontece, sorver os momentos e retê-los connosco para nos darem força e sentido aos dias menos bons.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Um Natal cheio de Esperança


Porque quem tem esperança tem capacidade de renascer todos os dias, apesar das contrariedades, apesar das doenças, apesar dos problemas, apesar das nuvens que teimam em não deixarem ver o sol. 
Ter esperança permite visualizar outros dias mais felizes, outras situações, outros acontecimentos que nos darão força de viver e vontade de ir e de fazer.
É esta esperança, esta ânsia de ultrapassar problemas que desejo para cada um de nós. Porque sem esperança, morremos um bocado em cada contrariedade e em cada problema. 
Viver é também saber retirar dos momentos maus grandes lições para os dias futuros.
Um bom Natal para todos. Um Natal em que saibamos retirar de dentro de nós o melhor que temos.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Voltar

 Jantar de Natal - 2013 - o último em que estivemos presentes

E voltámos ao hospital! Um sítio que nos traz más recordações e também boas porque saiu de lá quase bom. Agora era necessário ir para acabar com os últimos sinais da operação do último Dezembro. Passado um ano, cá estamos novamente. A sala é diferente mas as recordações entram em mim sem pedir licença.
Ando cá e lá não permanecendo em lado nenhum. Navego, só porque é necessário. Coisas a fazer, listas, compromissos. As árvores de natal, os enfeites, os risos, tudo me passa ao lado.
Esperar, novamente, a rotina, a casa, a paz.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Faz as pequenas coisas com amor


Dias tramados estes em que não há tempo para respirar. No sábado despedimo-nos do Amaro. O sofrimento acabou. Depois, pouco a pouco, vamos pensando que tudo muda e voltamos a enfrentar a  finitude de tudo o que damos como certo.
A ceia da consoada nunca mais vai ser igual mas, também o local deixou de ser o mesmo,  lá mais para trás. Habituamo-nos a que tudo é igual, ano após ano, e, de repente, percebemos que há uma última vez para tudo e  nunca nos apercebemos disso. Talvez seja bom ser assim. Não sei! O último Natal já não o passei com a família alargada. Passei-o no hospital. O meu último Natal, tal como o conhecemos durante 20 anos foi há dois anos! Tanto tempo!
Há agora que procurar outro lugar, outras rotinas, outros sentimentos. Há que ganhar coragem e navegar em mares desconhecidos!
Tudo isto custa. Tudo isto se faz com sofrimento.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Fim de tarde bom


Ontem, estivemos com filho mais novo na cerimónia de entrega de prémios aos melhores alunos de mestrado. 
Foi tão bom estar ali! Embora não demonstre muito, sei que estava contente. Mais um reforço, mais um bom momento para juntar a tantos que já vivemos.
Como dizia no post anterior, a VIDA é feita destes momentos. Há que aproveitá-los. Melhor dizendo, sorvê-los.
Parabéns meu filho.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Ecos emocionais de um fim de semana


Porto. Chegar 6ª à tarde com sol e calor! Ouvir o mar lá ao longe. Entrar nas lojas pequeninas e encontrar achados bonitos com um atendimento de que já tinha saudades. Comprar pão. Tão bom naquela cidade! 
Sessão com o professor. Sair já noite cerrada com desejos de um feliz Natal e até 2016. Jantar com irmão na casa grande e silenciosa. Mesa comprida de festas e de barulho que está ainda à espera. Acredito que tudo se concretize. Partir a pé pela cidade dentro. Está calor para norte. Conversa boa. Tinha saudades tuas. Como eu me sinto em casa! Como a infância regressa logo ali, entre conversas vãs e silêncios que dizem tudo. Gostamos das mesmas coisas, da arquitectura, da História, das Estórias das cidades. 
Partir sábado, manhã alta para duas horas de viagem rumo à Serra. A mãe esperava-me... a dormir! Os olhos baços não me conheceram à primeira. Esperar pacientemente naquela sala retirada de um filme triste de qualquer realizador italiano. Confrontar-me comigo, com os meus  sonhos, com o tempo, com a vida, com a pressa de viver que se apoderou de mim.
Entrar naquela casa para dormir sozinha pela primeira vez na minha vida. Acender a lareira, Ouvir os risos dos meus filhos quando eram pequenos, imaginar a azáfama na cozinha, olhar a mesa grande vazia e ouvir o som da viola do Zé Carlos a tocar canções de Natal e nós todos a cantar. Felizes porque, naquela altura, éramos felizes sem o saber.  Entrar no quarto que antigamente era o dos pais e deparar com a foto do meu pai, com o seu olhar característico de quem sabia demais da vida. Uma emoção. Meu querido pai.
Retirar a frigideira de ferro e partir morcela para o jantar. Procurar esses cheiros da morcela a fritar no ferro e ... nada. Imaginar a mãe ali atarefada a quem esta técnica saía sempre bem com pedaços estaladiços e saborosos para entrada de lautas refeições. Não consegui comê-la. Ficou no congelador!
Arrefeci! O lume apagou-se e a minha alma pedia coragem para subir as escadas. Fechei a sete chaves parte da casa e deitei-me. 
Acordei com frio. O silêncio continuava. Não havia o crepitar do lume, não havia barulho, não ouvia a minha mãe a falar com os netos. Já não voltei a acender a lareira. Tomei banho na imensidão da casa de banho. desliguei o cilindro, fechei as persianas, fechei a porta e bati à porta que alberga a mãe.  Rosto alterado, ansiedade, palavras sem sentido. Onde andas mãe? Onde te escondeste de mim? Quem és tu? Que gritas e me chamas por outro nome?
Medo! Onde estão as nossas conversas? Onde escondeste o sorriso? Beijas-me as mãos e eu estremeço! 
Volta por favor! Só por algum tempo para eu matar estas saudades que sinto de ti! 
Regressar e olhar para a beleza da estrada que sei de cor. A tristeza tomou conta de mim. 
Entrar no hospital já noite cerrada. Abraçá-las e dizer-lhes que estou com elas e partilho a dor delas. Olhá-lo e pensar que ninguém merece estar assim. 
Voltar com o coração negro depois de uma despedida que me fez verter todas as lágrimas até ali contidas.
Percorrer o escuro da auto estrada e pensar com que força eu iria hoje começar o dia.
Consegui levantar-me, arranjar-me e ir trabalhar. 
A vida é isto! Aproveitar os momentos! Mais nada!


terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Verdade

 
"Dê a quem você ama asas para voar,
raízes para voltar,
motivos para ficar."
 
Dalai Lama

Dezembro, por favor, não avances.


Não quero que chegue o Natal! Não quero multidões nas ruas e comércios que me impedem de sair e de me distrair.
Não quero ter de decidir, de pensar sobre isso. Qualquer resolução vai levar ao sofrimento e já não quero sofrer. Entre  o desejo e o dever, entre o frio e o calor, entre todas as pessoas que eu amo e que não posso reunir, assim vai ser o meu Natal! 
Por isso, Dezembro, não avances. Deixa-me neste limbo sem ter que pensar em  nada!